Aventura na Ilha do Coral

Em 1975 fomos a Garopaba num feriadão com a turma da ESEF, incluindo o Escobar, que era mais velho e levou seu parceiro com quem tinha sido campeão de pesca submarina em duplas. Ambos estavam com suas mulheres e estavam ainda o Macaco e a Macaca, o Daltro com a namorada.

 
O pessoal ficou numa casinha do clube de pesca e eu montei minha barraca no gramado. No dia seguinte um pescador local nos levou até à Ilha do Coral num barco com um motorzinho de popa – 45 minutos de viagem. O dia estava bonito e só chegamos lá por volta do meio-dia. Nos separamos em duas duplas: os “profissionais” só de calção, pé de pato, snorkel e arpão, enquanto os amadores (eu e Daltro) todos paramentados com as roupas de neoprene e os equipamentos comprados nos EUA. Ficamos toda a tarde mergulhando enquanto as mulheres, o Macaco e o barqueiro ficaram nas pedras tomando sol, comendo e bebendo. O Escobar e seu parceiro pegaram uns peixões enquanto eu e o Daltro desperdiçávamos tiros de arpão. Lá pelas tantas me dei conta de que minha faca japonesa de mergulho tinha caído da bainha que ficava na minha perna. Resultado: passei o resto do tempo tentando pescar a dita faca. Quando finalmente a encontrei, voltei às pedras orgulhoso da minha “pescaria” para encontrar o Daltro, igualmente orgulhoso, com um peixinho arpoado e gozando do Escobar:

 
– “Arpoar esses peixões é fácil. Quero ver vocês acertarem num desses daqui!”

 
Lá pelo fim da tarde o vento começou a ficar mais forte. Começamos a voltar e anoiteceu. As ondas estavam altas. Na crista víamos as luzes de Garopaba. Quando o barco ficava no vale da onda só se viam duas paredes líquidas. O problema é que na crista o motor de popa perdia contato com a água e se apagava. Ficávamos à deriva subindo e descendo as ondas enquanto o barqueiro tentava desesperadamente religar o motor puxando a corda da manivela. Isso se repetiu várias vezes. As mulheres começaram a se apavorar e uma, inclusive, desatou a chorar. A Bebel estava firme, mas visivelmente assustada. Confesso que eu mesmo também estava, enquanto calculava se a distância que nos separava da terra firme era maior do que os 5 Km que eu costumava nadar.

 
Finalmente, chegamos na praia sãos e salvos e bastante aliviados. O barqueiro, além do pagamento combinado, ganhou uns peixes do Escobar.

 

Jaime Wagner