Aprendi a diferença entre economia e finanças aos 20 anos, dramaticamente, quando meu pai morreu. Herdei um apartamento e um carro, mas nem um centavo de renda. O que eu ganhava como estagiário pagava a comida, mas não a gasolina. Razoável situação econômica, situação financeira apertada. Suplementei a renda fazendo fotografia, sem deixar de estudar e sem vender o carro.
O capital rende juros ou aluguel e o trabalho rende salário. Na verdade, o trabalho é o produtor original de valor e o capital é o valor acumulado que, quando aplicado (somado ao trabalho), se reproduz por multiplicar a produtividade do trabalho.
A renda é poupada ou consumida. Se há poupança, o capital tende a crescer, enquanto o consumo diminui o capital. Não é o gasto que diminui o capital, é o consumo. Porque o gasto assume duas formas: consumo e investimento, as quais têm a ver com o tempo. Consumo é o gasto sem conseqüência futura. Seu objetivo é o desfrute ou o uso aqui e agora. Do outro lado, investir é gastar agora em função de um possível ganho futuro. Aliás, o homem passou a contar o tempo quando passou a investir.
Dinheiro não traz felicidade, mas falta de dinheiro traz infelicidade. Ganhar dinheiro é diferente de ter dinheiro. Ser rico é ter, ganhar ou gastar dinheiro? Parece mais rico quem mais gasta, e quem tem fama de rico, tem crédito – lhe oferecem dinheiro esperando retribuição. Quem guarda tem, e não gasta. Mas, acumular dinheiro, não é viver uma vida rica. Por outro lado, gastar sem poupar, pode trazer infelicidade futura ou transformar-se num vício em que a sede de consumo se torna insaciável, criando novas necessidades sem qualquer base racional.
Rico é quem tem mais do que precisa. Porque ganha, ou porque tem mais do que gasta. E quanto cada um precisa gastar para ser feliz? Sempre fui rico, porque mesmo lá, quando ganhava apenas o suficiente para pagar a comida e a gasolina, eu era feliz.