O dicionário traz duas acepções para a palavra prazo: “período de tempo” e “tempo determinado”. Vamos aqui adotar a segunda acepção de tempo determinado. Neste sentido, uma ação tem vários prazos marcados por eventos. Os mais óbvios são os prazos de início (quando se começa a trabalhar efetivamente) e fim (quando se atinge o objetivo da ação). Há também o prazo limite, ou prazo fatal, a partir do qual não adianta mais fazer a ação. O prazo fatal é o momento em que o valor de fazer aquela ação cai a zero. Não importa quanto valor tivesse, após o prazo fatal, seu valor é zero. Qual o valor nutritivo da comida estragada? Qual o valor de uma proposta comercial não entregue no prazo?
Mas poucas coisas têm um prazo fatal assim. As coisas mais importantes não têm prazo. Não há prazo para ser feliz, não há prazo para se realizar um sonho, não há prazo para mudar. Ora, a reação natural é deixar para depois tudo que não é imediato ou que não tem prazo. Ao natural, as pessoas se mobilizam mais pela possibilidade de perda do que pela afirmação de valor. Por isso, para fazer as coisas que não têm prazo fatal ou cujo prazo fatal é distante, cria-se um outro: o prazo comprometido. O que ocorre no prazo comprometido não é a perda de valor da ação, mas a perda de crédito do promitente, embora este prazo possa ser renegociado antecipadamente sem grande perda de crédito.
Um outro instante característico de uma ação é o momento em que sua necessidade nasce, quando nos comprometemos a fazê-la, porque nos foi solicitada ou por uma tomada de decisão. Chamo esse instante de surgimento da ação. No surgimento, o compromisso de fazer, para ser firme, deve ter um prazo comprometido, caso não tenha um prazo fatal.
Um erro comum (outra reação natural e pouco inteligente) é agendar a ação no prazo dado. Se lhe pedem algo para sexta-feira, anotar um lembrete na agenda na sexta-feira, não é uma boa prática. Deve-se agendar a ação no prazo de ataque com uma folga. O prazo de ataque não é a data em que se vai fazer a ação, mas aquele no qual se começará a avaliar e a priorizar o início da ação. Ao definir um prazo de ataque com uma folga suficiente a pessoa se despreocupa. Isto é, o prazo de ataque, no fundo significa a data até a qual se pode esquecer aquela ação. Colocando estes prazos numa linha de tempo, percebe-se que a folga, na verdade, se divide em duas: a inicial, entre o prazo de ataque e o prazo de início estimado; e a final, entre o prazo de fim estimado e o prazo comprometido (ou fatal).
____!_________!________!______!________!_________!__
Surgimento..Ataque .Início ..Fim .Comprometido Fatal…………..!________!……!________!
…………Folga Inicial >>>>Folga Final
…………………..!______!
………………..Duração estimada