Você já parou para pensar sobre o tempo?

Na Grécia homérica, os mitos dos deuses Cronos e Kairós explicavam dois aspectos do tempo. Cronos era o pai de todos os deuses, que tinha o mau hábito de devorar seus filhos. Cronos representa o tempo quantitativo que passa, contado em horas, dias, anos: nascemos nele e somos devorados por ele. Um tempo cuja marca é o declínio da vida a cada dia, até à morte. Cada dia é um tanto a mais de experiência e um tanto menos de vida pela frente. Daí vêm as palavras cronologia ou cronógrafo.

Kairós era um deus jovem com asas nas costas e nos pés e uma lâmina nas mãos, equilibrando uma balança. Além disso, tinha um longo topete na testa e a nuca completamente careca. Kairós representa o tempo qualitativo da oportunidade: acontecimentos bons ou maus (daí a balança) que marcam o tempo e a vida em antes e depois – por isso a lâmina. A oportunidade passa rápido (as asas), se não é aproveitada se perde – não se pode agarrar Kairós pela nuca careca depois que ele passa. Perdas ocorrem com certeza, já os ganhos quase sempre requerem ação. Planejar ou prevenir significa puxar Kairós pelo topete e alterar o destino. Kairós não é contado em unidades de tempo, mas em eventos significativos que ficam na memória de forma descontínua. É o tempo das histórias que contamos e lembramos, inclusive a história de nossas vidas, marcada por datas importantes.

Nossos aniversários não são apenas convenções marcadas no calendário, mas oportunidades de comemorar o evento fundamental de nossas vidas: o nascimento. O fato de o fim do ano ser no dia 31 de dezembro, é sim uma convenção, mas representa também uma oportunidade de comemorarmos as realizações e nos consolarmos dos infortúnios do ano que passou. Esta ocasião também pode despertar a consciência de que não apenas um dia, mas um ano inteiro se foi. Surge então um sentido de urgência sobre o que fazer do resto de nossas vidas e muitos se sentem motivados a tomar “resoluções para o novo ano”: mudanças de hábitos, realização de sonhos, resolução de problemas persistentes, etc, que criariam eventos Kairós em nossas vidas

O problema é que a rotina de Cronos nos absorve e as pequenas urgências do dia a dia acabam deslocando as grandes resoluções. Nos afundamos em Cronos e não criamos realizações Kairós. Vou dar duas dicas do Método PowerSelf para você conseguir realizar suas resoluções e objetivos pessoais.

Foco da Luneta

Escolha apenas três projetos de longo prazo para tocar – eles serão o seu Foco da Luneta. Deixe os demais numa lista à parte que eu chamo de Gaveta de Sonhos. Quando um projeto for realizado ou se revelar efetivamente inviável busque um novo projeto na Gaveta de Sonhos e coloque no Foco da Luneta.

Técnica dos 3 Passos

Pare por meia hora no fim de semana e procure responder três questões para cada projeto no seu Foco da Luneta.

1 – Qual ou quais ações diárias posso realizar esta semana para encaminhar meus projetos? Ação diária é uma tarefa individual (você faz sozinho), simples (você não tem dúvidas e tem todos os recursos à mão) e que pode ser executada em menos de 4h.

2 – Se você tem dúvidas ou não sabe o que fazer, pense em quem pode ajudar? Pedir ajuda é uma ação diária que deve ser agendada num dia.

3 – Em que dia poderei realizar estas ações? Agende as ações em dias da próxima semana considerando as suas disponibilidades. Evite deixar tudo como pendência sem data ou colocar tudo num único dia.

A maioria das pessoas não planeja e acaba se afundando na rotina. As que planejam olham apenas pendências que ficam de uma semana para outra. Isso equivale a rolar os pedregulhos das pendências e a areia da rotina. Objetivos de realização pessoal são como grandes veios de ouro que não cabem em uma semana. A Técnica dos Três Passos é uma mineração deste veio – arranca pequenas pepitas e as mistura com os pedregulhos da rotina. Semana a semana vai-se colecionando as pepitas lapidadas e realizadas, de forma que ao cabo, tem-se uma quantidade de ouro equivalente àquela do veio original.

 

Por Jaime Wagner