O tempo é contínuo, mas nós o dividimos em pedaços. Contamos, dividimos e agrupamos os giros dos astros em horas, meses e anos. Inventamos marcas no tempo para nos comprometermos para o futuro e comemorar o passado. Assim é o fim do ano. Objetivamente, o sol se põe no dia 31 de dezembro e nasce no dia 1º de janeiro como em qualquer outro dia. Mas na nossa cabeça não! É um dia diferente – um marco que não está só na minha ou na sua cabeça, mas na cabeça de todos – é uma realidade intersubjetiva. Não somos nós que o inventamos – é uma convenção que aceitamos, ou melhor, que nos constitui, faz parte de nós.
No fim do ano comemoramos. Co (juntos) memorar (lembrar) – celebramos juntos os fatos marcantes do ano que passou e renovamos esperanças e promessas para o ano que inicia. No próximo ano seremos melhores e realizaremos nossos sonhos. O fim do ano é pleno de boas intenções, apesar do possível estresse. Sim, pois celebrar traz uma série de obrigações a mais – preparar festas, viajar, comprar presentes.
As marcas no tempo também nos lembram de parar – sair da roda do karma, do giro da rotina de trabalho e do redemoinho das urgências. Paramos para dormir a cada noite, para descansar no fim de semana, e para fazer as contas no fim do mês. Mas a maioria das pessoas está tão imersa na rotina, que só vai parar para pensar na vida no fim do ano, ou nos aniversários. Talvez nem isso, alguns só pensam na vida quando enfrentam uma crise (uma decisão difícil ou uma perda) e, paradoxalmente, fogem das crises se afundando ainda mais na rotina. Entretanto, quem age sem pensar é comandado por quem pensa antes de agir.
Para que as resoluções de fim de ano não fiquem apenas como boas intenções ou como pendências sempre adiadas nas To Do Lists é preciso disciplina. O Método PowerSelf ensina técnicas e ferramentas para a prática de três disciplinas para uma boa gestão do tempo e da vida. Organização é a disciplina do foco, para definir o que fazer a cada momento. Planejamento é a disciplina da realização, para realizar metas como projetos. Reflexão é a disciplina da sabedoria, para definir o que fazer da vida. São disciplinas porque não são naturais. Precisam ser aprendidas justamente para evitar o efeito das reações naturais. E precisam ser praticadas como hábitos e aí está a dificuldade: mudar hábitos. A Reflexão embasa o Planejamento e este orienta a Organização. Esta lógica recomenda começar pela reflexão, depois o planejamento e, por fim a organização. Mas a vida não é lógica – tudo acontece junto e misturado e somos levados de roldão pelo tempo da sociedade, onde as pessoas andam tão atribuladas que, sem um mínimo de organização, nunca priorizam a reflexão e “não têm tempo” para planejar. As três disciplinas envolvem três paradas para pensar. A parada mais importante é respirar fundo e contar até 3 antes de reagir, criando um hiato para escolher uma resposta mais racional. Esta parada instantânea precisa ser iluminada pelas outras duas. A parada diária de 5 a 10 minutos para conscientização e priorização do futuro imediato dá foco e continuidade. A parada semanal de 30 minutos a uma hora para reflexão e promoção do equilíbrio, avaliação de sentimentos e planejamento de longo prazo, dá visão e encaminha mudanças.
Não administramos o tempo, mas sim nossas decisões sobre o que fazer, o que envolve duas questões interligadas: “o que fazer agora” e “o que fazer da vida”. A questão do “que fazer agora” tende a ser respondida rapidamente sem pensar, conforme as circunstâncias. Já para definir “o que fazer da vida” precisamos refletir. Mas as decisões do que fazer a cada momento acabam por definir a nossa vida, sem que nunca paremos para refletir. Alguns dizem que “não têm tempo” para refletir e planejar, outros não ousam isso por medo de uma eventual frustração – já que o futuro é incerto deixa a vida me levar como sugere Zeca Pagodinho. Entretanto, sugiro que temos muito mais liberdade do que pensamos e muito mais responsabilidade do que gostaríamos e que devemos inverter a prioridade: primeiro pensar sobre como queremos viver para que isso nos ajude a decidir o que fazer no dia a dia. A prioridade entre essas duas questões define duas abordagens à gestão do tempo. A “escola da eficiência” prioriza a disciplina da organização focando principalmente o tempo do trabalho, como o GTD de David Allen. A “escola da eficácia”, à qual me filio, também propõe técnicas de organização e planejamento, mas prioriza a reflexão mais filosófica. Não basta refletir (ou lamentar) eventualmente ou no fim do ano – a reflexão deve se tornar um hábito praticado semana a semana para orientar a priorização no dia a dia.
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