Geralmente, a palavra “profissional” está associada a um trabalho remunerado, e ascensão profissional implica em aumento na remuneração, sendo esta a principal motivação no mercado de trabalho.
Profissão vem do verbo professar, que significa comprometer-se publicamente. Uso o termo profissão com o sentido de uma atividade ou trabalho que visa gerar valor para um público, podendo ser remunerada ou não, conforme detalhei em outro post. Digo que existem quatro tipos de motivações para a prestação de um serviço público: interesse, carência, poder e propósito. E creio que todas elas estão sempre presentes em certa medida.
Quem trabalha visando a remuneração para a própria subsistência é motivado principalmente por interesse próprio. É o caso da grande maioria (tanto quem busca emprego como quem emprega) que, contraditoriamente, costuma criticar políticos chamados “profissionais” porque visam em primeiro lugar a remuneração do cargo. Entretanto, mesmo o agir por puro interesse próprio requer um nível de motivação que faça a pessoa sair de sua zona de conforto para, afinal, gerar um benefício público.
Todos somos carentes de aprovação e apreciamos o reconhecimento dos outros: um agradecimento, um elogio, uma deferência – e o próprio pagamento pode ser recebido mais como um reconhecimento do valor gerado do que como uma compensação pelo esforço despendido. A carência poderia ser chamada de vaidade, orgulho ou honra, conforme a conotação mais ou menos positiva que queiramos empregar, mas independente disso, o reconhecimento é um grande motivador do serviço público, ainda mais quando este é voluntário e carece de remuneração.
O desejo de poder anda ao lado da carência como uma forma de compensação para a nossa fragilidade intrínseca e como uma grande motivação para assumir encargos. Desejamos o “poder de” fazer mais coisas – aumentar nossa capacidade – mas também queremos o “poder sobre” outras pessoas – aumentar nossa autoridade.
Agir com propósito requer transcendência baseada na consciência. Trata-se de dedicar-se a uma causa maior que dá significado à própria vida, independentemente de remuneração ou reconhecimento, por pura consciência. Essa é a essência do trabalho voluntário. O espírito público é uma das formas mais comuns da transcendência. O nível do espírito público aumenta com o distanciamento do ego. Assim, pode-se trabalhar pela família ou pelos vizinhos; pelo clube, associação, igreja ou partido; pela cidade, Estado ou país; pela humanidade, pelos seres vivos, pela Terra e assim por diante. Alguns filhos simplesmente não ajudam nas tarefas domésticas. Para se conseguir alguém que aceite ser síndico do condomínio é uma dificuldade – apela-se no fim para o síndico remunerado. Nas associações e clubes todos se beneficiam, mas poucos se candidatam aos cargos de direção não remunerados. O que os motiva? Certamente o espírito público, mas também a vaidade. E na política? Será que existe algum político que exerça o mandato apenas em benefício próprio? Podem me chamar de Poliana, mas quero crer que até mesmo o mais venal dos políticos também é motivado por vaidade, desejo de poder, e também espírito público.
BRILHANTE JAIME
BELO TEXTO
A PROFISSÃO É UMA DÁDIVA E QUANTO MAIS O TEMPO PASSA MAIS NOS EMPENHAMOS EM FAZER MELHOR
FORTE ABRAÇO ,
ROBERTO