Violência Justificada

Na contramão do sucesso dos filmes de ação e das páginas policiais, todo mundo condena a violência. Ou melhor, condena a violência do outro e justifica a própria.

Os conservadores justificam a violência em nome da defesa da lei e da ordem. Afinal, o contrato social dá ao Estado o monopólio da violência para defesa da sociedade contra os abusos dos indivíduos. Mas o Estado policial, às vezes também abusa. Mesmo quando não se trata da violência instituída de um Estado totalitário, este abuso geralmente ocorre por parte das pequenas autoridades. Seja por excesso de zelo burocrático, sem nenhuma racionalidade a justificá-lo, ou apenas por maus sentimentos da pequenez humana (inveja, ressentimento, soberba ou pura maldade) as pequenas autoridades frequentemente abusam. Mas também pode ocorrer uma violência instituída em defesa de interesses contrariados das grandes autoridades.

Os inconformados, dissidentes, revoltados e os interesses contrariados de toda ordem encontram nos abusos da autoridade, ou apenas no seu risco, a justificativa para a violência revolucionária. Justificam assim até o terrorismo ou mesmo a marginalidade: a violência das “vítimas”. Só que as vítimas de hoje se tornam os algozes de amanhã e os papéis se invertem. Os condenados como terroristas e marginais do lado de cá são tratados como paladinos da liberdade do lado de lá.

Os liberais, defensores da tolerância e da liberdade, justificam a intolerância – e até a violência – apenas contra os intolerantes ou violentos. Assim, sentem-se justificados para se aliar a qualquer um dos dois grupos anteriores quando compram seus argumentos de que alguém abusou primeiro, seja autoridade ou marginal.

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