Interessante como a esquerda mal entende (e se apropria) de certos termos para incorporá-los nas suas rezas seja como auto-elogio ou como anátema dos adversários da hora.
Progressista é um termo surgido com o Iluminismo e que foi incorporado ao ideário positivista que lhe sucedeu e influenciou seu contemporâneo marxismo via Hegel. Significava o progresso da humanidade pela via da racionalidade nas ciências, na tecnologia e nas instituições (positivismo). Também significava o progresso dialético da história rumo ao espírito puro (Hegel) ou à sociedade sem classes (Marx). Ou seja, era uma bandeira tanto liberal, como social-democrata, como marxista. Hoje significa ser de esquerda e não se sabe muito bem o que isso significa. Eu, por exemplo, sou considerado por uns de esquerda e por outros de direita.
Outro termo é fascista, uma ideologia comunitarista, totalitária e nacionalista, que se opõe em todos os seus dogmas ao liberalismo e só no quesito nacionalismo se opõe ao marxismo. Entretanto, na América Latina colonizada (assim como nas nacionalidades europeias do século XIX submetidas aos impérios da época) o socialismo adquire um viés nacionalista, que o aproxima do ideário fascista. O mais gozado é que a social-democracia, que naquela época era esquerda e aliada, aqui é considerada inimiga.
Ou seja, a política não é feita de ideias, mas de simpatias e antipatias pessoais. Eu não defendo pessoas e as critico quando não se comportam de acordo com o que acredito ser certo, quer se digam de esquerda ou de direita.
Infelizmente, a Internet prolifera a replicação de um tipo de opinião acrítica, uma simples repetição de mantras, onde não há questionamento nem exame de ideias, mas apenas expressão de sentimentos bons ou maus na forma de loas e críticas a pessoas. O pensamento raramente é original (se é que pode ser) nessa reciclagem constante. Nesse monte de lixo intelectual reciclado na Internet se encontram também pepitas de ouro e pedras preciosas. Ao invés de navegar na web deveríamos minerar. E cabe também peneirar.