O que é a banana? Uma fruta responde o simplista – e para o sábio isso basta. O fruto comestível e sem sementes da bananeira explica o detalhista. Uma pseudobaga partenocárpica rica em potássio de uma herbácea acaule do gênero Musa originária do sudeste da Ásia – complica o cientista.
Se o cientista busca as respostas mais precisas, o filósofo busca as perguntas mais inusitadas, ambos igualmente ininteligíveis e chatos. Mas o filósofo é mais chato porque não se contenta com uma explicação e procede num rosário interminável de questionamentos e analogias.
Se a banana “é” o fruto, o que é mais banana, a polpa comestível ou a casca que a protege? Ou ambas? Se retiro a casca, ainda tenho a banana? Mas onde começa a polpa e onde termina a casca? Aqueles fiapos que se grudam na polpa são resíduos da casca ou adições à polpa? A polpa nasce da casca? Ou a casca é criada para protegê-la? O que podemos aprender sobre nós mesmos com a banana? Nós somos a casca da nossa personalidade ou o âmago do nosso self? É o self que escolhe os papéis sociais que definem a personalidade ou são esses papéis que conformam a noção de self?
E paro por aqui para que não me tachem de filósofo.