Administração ou Ética?

Para o espírito prático filosofia é perda de tempo – e de dinheiro. Porque na prática da nossa sociedade tempo é dinheiro. Porém, o espírito prático deixa de perceber (ou de reconhecer) que esta ideia de que tempo é dinheiro foi colocada na sua cabeça para que ele não se desviasse do trabalho e do consumo. Entretanto, o espírito prático se interessa pela gestão do tempo com o objetivo de aumentar sua produtividade no trabalho, em busca de dicas para orientar sua tomada de decisão e melhorar o foco na ação.

Dois campos do conhecimento, complementares e concorrentes, propõem conceitos e técnicas com a finalidade de orientar decisão e ação: a ética e a administração. A psicologia, filha da primeira e parceira da segunda, subsidia a ambas. Os dois campos são disciplinas prescritivas no sentido de que orientam o comportamento da pessoa. O problema é que nem sempre as prescrições de ambas se coadunam.

Desde Fayol e Taylor, a administração tem como foco principal a redução dos custos dos processos produtivos e criativos através da redução do tempo empregado. Esse foco na eficiência produziu uma dinâmica de aceleração como um fim em si mesma até que os efeitos nocivos na saúde dos trabalhadores fizeram com que as técnicas da administração passassem a considerar também o bem-estar dos funcionários e não só a otimização dos processos. Foi aí que a parceria com a psicologia começou na área de Recursos Humanos. Entretanto, como o próprio nome indica, o foco da administração não é na pessoa integral, mas apenas no seu papel como mais um recurso do processo produtivo. Este foco no tempo de trabalho caracteriza a maioria dos cursos de Gestão do Tempo e é o que leva as pessoas a se interessarem pelo tema[1].

O método PowerSelf também trata do tempo do trabalho, mas dentro do tempo vida, com uma abordagem mais filosófica ou, mais especificamente, ética. A ética, disciplina bem mais antiga do que a administração, é a parte da filosofia que estuda os fundamentos da moral e sugere princípios racionais para guiar a ação correta, buscando o melhor modo de viver e conviver e a formação do caráter do indivíduo. A ética visa não só a felicidade individual, mas também a adequação dos valores e das leis que regem os grupos humanos. Infelizmente, muitas vezes a abordagem ética se confunde com cursos de autoajuda que propõem soluções fáceis e rápidas para problemas complexos e que se situam mais perto da mágica e do marketing do que da filosofia e da ética.

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[1] Foi o que aconteceu comigo. Só depois de um Burnout passei a estudar e aplicar os princípios e técnicas da ética.